sábado, 29 de dezembro de 2012

Ternos fazem a história das Congadas e da cultura em Itamogi


Terno do Chico Rosa, onde Geraldo Naves começou
(Fotos do encarte do CD "Terno do Doca")
 
 
Olhem o respeito com que o público admirava o Terno do Doca
 
 
O terno histórico, com Geraldo Naves e Doca na frente
 

Era um dos acontecimentos mais esperados do ano. Como vai sair o terno do Doca? Como virão os seus líderes, Doca e Geraldo Naves? As perguntas eram respondidas quando o terno despontava na praça São João Batista. A vestimenta era impecável. O ritmo, mágico, conduzido pela dupla e também por João Leonel no tambor, Ico na sanfona, João Tiburcio no cavaquinho e muito mais. E o bailado de Geraldo Naves, hipnotizando a plateia, atenta e respeitosa.
A trajetória do terno do Doca é uma síntese da importância dos ternos nas Congadas de Itamogi, assim como acontece em toda a região. Conhecimentos passados de geração para geração mantidos e replicados pelos filhos, pelos netos. E o ritual aprimorado a cada ano, misturando ritmo, harmonia, canto e dança. É essa tradição que vem sendo mantida há aproximadamente um século e meio, como principal eixo cultural da cidade, momento máximo de sociabilidade e partilha de afetos.
Alguns dos nomes lendários das Congadas em Itamogi são dos donos de ternos Chico Rosa, Zé Ricardo, Justino Preto e Antonio Jacinto. Ternos de Congo e Moçambique, cada um com suas peculiaridades, com seus encantos, louvando os santos do povo: São Benedito, Santa Luzia, Santa Efigênia, Santa Catarina, São Domingos, Santa Inês, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora Aparecida.
Outros nomes históricos são os de Vicente Rosa, Jerônimo Rosa, Marcelino, Zano, João Batista de Oliveira. Foi no terno do Chico Rosa que Geraldo Naves começou, ainda pequeno, na década de 1940. Depois, no início da década de 1950, foi um dos fundadores do terno do Doca, ao lado do próprio, que trouxe a experiência de Aguaí. Vardinho, Dormina, Luiz Soares, Zé Siqueira e outros também integravam o histórico terno, que terminou em 1982 com o falecimento do Doca.
Entretanto, como acontece com os demais ternos, a tradição e o legado cultural acumulados continuaram. Acredita-se que o terno de São Benedito, de moçambique, seja o mais antigo, com mais de 100 anos e ainda em atividade.
O terno de Santa Catarina tem mais de 70 anos, o de Nossa Senhora do Rosário, mais de 60. O terno de Santa Luzia tem mais de 40 anos, tendo sua trajetória ligada a outro nome histórico das Congadas em Itamogi, Antônio da Joana. Donizete Caetano, Antônio Ramos, Priminho Genaro, Carlos Saturnino, Aparecido Carti, Donizete de Souza, Mário Volpi, Nicola Salomoni, Benedito Geraldo, Aparecido Carli, José Antonio da Silva, Pedro Domingos e Nelson Pereira são outros nomes que fizeram e muitos continuam fazendo a beleza das Congadas de Itamogi, que se tornaram ainda mais coloridas com a crescente participação feminina.
Em 2005, por iniciativa dos filhos de Geraldo Naves, foi lançado o CD "Terno do Doca", com as músicas que fizeram a fama do grupo: Abertura em Nome do Pai e do Filho..., Agradecimento com Deus lhe pague, Dá licença meus senhores, Vou fazer esse verso, Congadas Santa Rita (letra de João Rosa e João Leonel e vozes de João Leonel e Zano) e Itamogi antigo (letra de Joaquim Português, vozes de Geraldo Naves e Corrente). Importante projeto, para ajudar a preservar a história da riqueza das Congadas de Itamogi, que inclui pérolas como a voz inesquecível de Ciça Lovato. (Este artigo foi escrito com muitas informações do livro "Itamogi: caminhos da sua história", de Terezinha Barbosa Guimarães)   

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